Respostas ao Baú de questões da ESCM

O Projecto Escola Saudável (PES) da Secundária de Campo Maior tem um espaço de pergunta/resposta no bufete da nossa escola, chamado "BAÚ DE QUESTÕES", que se destina a todos aqueles que têm dúvidas sobre os mais variados temas, mas têm vergonha de colocar as questões.
No blogue, também serão publicadas as respostas ou serão explorados os temas que foram mais abordados no baú de questões, para que possam ser lidos por um universo maior de pessoas.

Aqui vos deixamos o primeiro conjunto de respostas do nosso BAÚ. Até às próximas respostas...


Fevereiro: O Amor e os Afectos

A gravidez na adolescência
Na adolescência surge o “primeiro amor”, pois há uma necessidade de amar e ser amado. Nesta etapa da vida há necessidade de novas descobertas, curiosidades e por isso pode surgir a gravidez. Sabe-se que o número de adolescentes grávidas aumenta cada ano. Pode acontecer, numa noite, duas pessoas conhecem-se, e desejam ter relações sexuais, mas nenhuma tem contraceptivos. Nesta situação, quase metade dos jovens portugueses arriscaria uma relação desprotegida.” (in Visão, 14 de Março de 2002).
Na sociedade em que hoje se vive, os pais não têm tempo para falar com os filhos. Por isso, a falta de diálogo entre pais e filhos de assuntos considerados “delicados” fazem com que aumente as gravidezes, porque não basta apenas dizer ao adolescente que use preservativo, é preciso também esclarecer sobre as consequências possíveis.
É necessário que estes casos nos alertem e que façam com que a gravidez na adolescência diminua. Pois as coisas menos boas não acontecem só aos outros.
Assim, se se aumentar as informações dentro das escolas, através das aulas vai servir para que não haja tantas gravidezes na adolescência, visto que este assunto está cheio de tabus e preconceitos. A gravidez na adolescência tornou-se um grande problema, pois muitas adolescentes que engravidam não querem ser mães, o que favorece o aparecimento de um outro problema – o aborto.

O suicídio na adolescência
Muitas vezes, o adolescente deprimido pode tentar o suicídio. Faz isso de forma franca ou velada. De forma velada, age de maneira inconsciente, envolvendo-se em atitudes completamente imprudentes, acidentes de automóvel, uso progressivo de drogas e álcool, ingestão de comprimidos perigosos, uso de armas de fogo….
Actualmente, a segunda principal causa de morte entre jovens de 15 a 19 anos é o suicídio. O índice do suicídio entre pessoas jovens triplicou nos últimos 30 anos.
Quando uma pessoa fala a respeito de cometer o suicídio, ao contrário do que pensamos, a coisa mais importante a fazer é levá-la a sério. As pessoas que falam em suicídio podem estar de facto a pensar em praticá-lo e, sendo jovens ou não, a maioria dos que tentam o suicídio dão sempre uma espécie de “aviso” sobre as suas intenções.
Os principais sinais de advertência para o risco de transtorno de humor que, eventualmente, pode resultar em suicídio são as mudanças acentuadas de personalidade, mudanças acentuadas de aparência, alterações nos padrões de sono, alteração nos hábitos alimentares, prejuízo no rendimento escolar, falar sobre morte ou suicídio, provocar ferimentos em si próprio, pânico ou ansiedade, distribuir objectos pessoais.
Entre adolescentes com alto risco de suicídio, muitos tomam a trágica decisão após uma situação de grande tensão, como por exemplo, o rompimento de um relacionamento, um fracasso escolar ou profissional ou uma discussão importante com os pais. A incidência de êxito entre adolescentes que realmente tentam pôr fim à própria vida é maior entre o sexo masculino do que no sexo feminino.
Os adolescentes vulneráveis ao suicídio dividem-se em três grupos. O primeiro, são os adolescentes com sintomas clássicos de depressão, tais como a tristeza e desespero. Em segundo, são os perfeccionistas que estabelecem para si mesmos padrões de desempenho muito altos. E em terceiro, são os jovens que expressam a sua depressão com comportamentos agressivos ou atitudes de se expor a situações de risco, uso de drogas e confrontos com autoridades.
A depressão neste grupo pode ser particularmente difícil de detectar, uma vez que estes jovens tendem negar quaisquer sentimentos de depressão. Esta é uma situação particularmente perigosa porque este é o tipo de adolescente que mais provavelmente será bem sucedido na sua tentativa de cometer suicídio.


O amor na adolescência
A adolescência transforma tudo: agora sentimo-nos com forças para mudar o mundo. A adolescência chega
sem pedir autorização e esta nova fase da vida é uma constante descoberta: de nós e do outro, que nos proporciona novas experiências e sensações nunca antes sentidas. Afinal na adolescência tudo muda: muda o corpo, mudam as conversas e o tempo com os pais, mudam as relações e os afectos na família e não só, mudam os interesses. Temos agora tantas certezas, mas também tantas dúvidas... É assim nesta fase de evolução e mudança que se concretiza o desabrochar pleno do desenvolvimento corporal humano e, com ele, na sua expressão mais pura, as paixões e o amor.
Muito se tem pensado, comentado, escrito e discutido sobre o amor desde a mais longínqua antiguidade, elemento de diferenciação de outros tantos seres que habitam o planeta. É o elo que nos confere vida para
além da morte no coração daqueles que um dia amámos e que nos amaram. E, no entanto, o Cupido, filho de Vénus, continua a lançar as suas flechas da paixão e os alvos favoritos são os jovens que vivem o novo florescer deste sentimento único e sem definição possível como um momento que parece apenas durar um segundo. Os amigos ficaram lá atrás... longe, mesmo que estejam sentados na mesa ao lado. Os jovens ficam suspensos num olhar que dura eternamente. Por isso, as paixões na adolescência são inesquecíveis, tempestuosas, trazem o toque da tragédia.
Os jovens vislumbram um mundo em dimensões cósmicas, e lançam-se na mais fascinante aventura da existência e da descoberta dos seus afectos. O amor na adolescência é uma dimensão do ser humano efectivamente marcante e fundamental. É o despertar para uma nova face de si que estava adormecida: o amor e consequentemente a sexualidade. A sexualidade é uma componente fundamental da personalidade, um modo de ser, de se manifestar, de comunicar com os outros, de sentir, de expressar e de viver o amor humano. Portanto ela é parte integrante do desenvolvimento da personalidade.
A adolescência é o lugar do desequilíbrio saudável e da irracionalidade quando se fala de amor, porque neste momento da vida tudo é tão intenso, tudo é tão pleno de sentido que nada parece escapar. Na realidade, nascemos sem saber quem somos e é nos olhos do outro que reconhecemos a nossa existência. Basta por vezes um sorriso, um olhar, uma breve troca de palavras e... pronto... o Cupido volta a fazer das suas e de repente o cinzento do quotidiano transforma-se num mundo colorido, pleno de emoções intensas que chegam de repente.
Para terminar é preciso também alertar para o facto de que, apesar da adolescência ser a idade do amor por
excelência, é também a do risco. O percurso para a autonomia que caracteriza este período é feito de riscos
afectivos. E, por isso, certas manifestações psicopatológicas, como a ansiedade e a depressão podem surgir num contexto de ruptura afectiva.

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